quinta-feira, 5 de junho de 2008

França valoriza o vinho, Brasil trata mal a cachaça.

O governo francês acaba de apresentar um plano qüinqüenal para a modernização da indústria do vinho, através do qual espera melhorar a competitividade do país no setor, principalmente diante dos produtores do Novo Mundo. Os vinhos franceses agora terão três categorias: a primeira é a nova Vignobles de France (Vinhos da França) em lugar dos Vin de Tables (vinhos de mesa). Nos rótulos, a casta e a safra.
Os produtores poderão utilizar as variadas técnicas adotadas no Novo Mundo: usar lascas de carvalho (mais barato que o barril), adição de taninos e ácido sórbico (um conservante alimentar) a adoçantes (através de um suco concentrado do mosto). Vinhos baratos, mesmo em euros, para que possam agradar aos norte-americanos, em particular.
As outras duas novas categorias são a IGP (Indication Géographique Protégée, Indicação Geográfica Protegida), substituindo os Vin de Pays (vinhos regionais). E a AOP (Appellation d'Origine Protégée), correspondente a atual AOC (Appellation d'Origine Contrôlée). Querem, com isso, em preservar a tradição e, ao mesmo tempo, levar o setor produzir mais e mais competitivamente.
Enquanto isso o governo brasileiro pouco se movimenta no sentido de buscar uma política pública para as bebidas alcoólicas - para o prejuízo dos consumidores e dos pequenos produtores de cachaça de alambique. O pequeno produtor de cachaça continua pagando até 16 vezes mais imposto do que os grandes produtores, não existem números confiáveis sobre a produção e o consumo de bebidas no país, os investimentos em pesquisa estão engatinhando. A bebida nacional brasileira, a cachaça de alambique, com mais de 400 anos de existência, ainda não é reconhecida, de fato, como produto genuinamente brasileiro.

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