segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Música e Literatura

É no carnaval que a cachaça inspira os compositores. Mas há belos textos de escritores brasileiros fazendo referência à aguardente. Jorge Amado, na novela A Morte ou a Morte de Quincas Berro d'Água, registra magistralmente o desespero da personagem no momento em que toma um copo de água imaginando que tomaria cachaça. O grito foi tamanho que se incorporou ao nome de Quincas.
Ela também aparece num quadrinha do poeta pernambucano Ascenso Ferreira:
"Suco de cana-caiana / passado no alambique. / Pode ser que prejudique, / mas bebo toda semana."
Uma das mais famosas músicas brasileiras sobre a cachaça, de (Ochelsis Laureano) , foi imortalizada por Inezita Barroso, "A marvada Pinga":
"Com a marvada pinga / é que eu me atrapaio / Eu entro na venda / e já dou um taio / Pego no copo / e dali num saio / Ali mesmo eu bebo / ali mesmo eu caio/ Só pra carregá / é que dô trabaio / oi lá".
Mas são as músicas de carnaval que expressam a malícia e a popularidade da cachaça. A mais famosa, de 1953, foi lançada por Mirabeau Pinheiro, L. de Castro e H. Lobato. Era "Cachaça" e ainda aparece em muitos bailes carnavalescos:
"Você pensa que cachaça é água / cachaça não é água não / cachaça vem do alambique / e água vem do ribeirão. / Pode me faltar tudo na vida / arroz, feijão e pão; / pode me faltar manteiga / e tudo o mais não faz falta não. / Pode me faltar o amor / disso até acho graça. / Só não quero que me falte / a danada da cachaça."
Mas a consagração carnavalesca veio com o samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense, vencedora do carnaval de 2001 do Rio de Janeiro. A apologia da cana-de-açúcar, do açúcar e da cachaça, feita pelos compositores Marquinho Lessa, Guga e Tuninho Professor, começa no título do samba: "Cana-caiana, cana-roxa, cana-fita, cana-preta, amarela, Pernambuco... Quero vê descê o suco, na pancada do Ganzá."
E o samba da Imperatriz correu doce e quente na avenida:
"Cana-caiana, / a cultura que o árabe propagou./ Apesar dos cruzados plantarem, / A cana na Europa não vingou. / Mas conta a história que, em Veneza, / O açúcar foi pra mesa da nobreza. / Virou negócio no Brasil, trazida de além-mar.
E, nesta terra, o que se planta dá. / Gira o engenho prá sinhô, Bahia faz girar. / E, em Pernambuco, o escravo vai cantar. / (Quero vê)
Quero vê descê o suco até melá / Na pancada doce do ganzá
BIS
Pinga... / Olha a cana virando aguardente. / No mercado do ouro atraente, / Paraty espalhou a bebida.
Pra garimpar, birita tem. / Na Inconfidência foi preferida. / Pra festejar, o que é que tem? / Tem Carlos Cachaça, não leve a mal. / Taí verde-e-rosa em meu carnaval
(vem provar minha cachaça)
Vem provar minha cachaça, amor. / Ô, ô, ô, ô / O sabor é verde-e-branco.
BIS
Passa a régua e dá pro santo, / Que a Imperatriz chegou."
(Extraído do Portal ÚNICA)

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