quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Bebidas estatizadas

Interessante a matéria publicada pela jornalista Sônia Melier, no jornal Tribuna da Imprensa da semana passada. Vale uma reflexão.

O remédio sueco

Sonia Melier

O comércio de bebidas alcoólicas será também estatizado? Pelo que entendi, o plano americano para solucionar o caos financeiro é socializar o sistema, estatizá-lo, pelo menos em parte. Um editorial do "New York Times" diz que "injetar dinheiro diretamente nos bancos em troca de uma fatia da propriedade resultaria num impulso mais rápido e poderoso ...seria também melhor negócio para os contribuintes pois daria a eles o direito imediato a lucros gerados pelos bancos". A prática se estende à Europa e até no Brasil já começa a ser cogitada.

Mas ela já aconteceu na Suécia, em 1992, onde estourou uma bolha semelhante, o governo interveio. Muito das presentes iniciativas têm base na chamada "solução sueca". A estatização lá se estendeu até ao comércio de bebidas alcoólicas. O governo sueco, na ocasião, criou o Systembolaget, um monopólio estatal de vinhos e destilados, até recentemente, o maior comprador de bebidas alcoólicas do mundo.

No site da empresa explica-se que o tal controle não visa o lucro através da venda de álcool: sem essa motivação, não há razão de persuadir consumidores a comprar além da conta e nenhuma razão para vender a pessoas de menos de 20 anos. Aparentemente, essa idéia provou-se eficiente na prática.

O consumo de álcool na Suécia estaria entre os mais baixos da Europa (no início do século XIX ficava entre os mais altos). O argumento é o de que capitalismo é muito bom, os incentivos para o lucro são poderosos. E o álcool é legal, também. Mas os problemas acontecem quando as duas coisas se misturam. Daí, a criação de um monopólio estatal nesse setor. Systembolaget (ou "A companhia do sistema") é dona de uma vasta rede de lojas de bebidas espalhadas por toda a Suécia: a única autorizada a vender bebidas alcoólicas contendo mais de 3,5% de álcool.

As bebidas precisam ser compradas individualmente (não entregam em casa); as promoções ("compre uma leve outra grátis...") são proibidas; nenhum produto pode ser favorecido (por exemplo: todas as cervejas têm de ser refrigeradas; ou nenhuma delas); a idade limite para a venda é 20 anos (segundo o site, a principal razão do monopólio é forçar esse limite); é proibida a venda para pessoas embriagadas ou suspeitas de comprar para terceiros (e, implicitamente, para aqueles abaixo da idade limite).

O Systembolaget serve a um mercado de nove milhões de suecos e é um dos maiores compradores de vinho e destilados do mundo, aparentemente só perdendo para a Tesco, a grande rede inglesa de supermercado. O monopólio está organizado em princípio para atender à demanda dos consumidores por vinhos e destilados, mas não para promover vendas e encorajar o consumo excessivo de álcool. Suas lojas são bem organizadas, os funcionários continuamente treinados, havendo eventos regulares de degustação.

(Saiba mais em System bolaget). O economista e crítico de vinhos Mike Veseth (Wine economist) pergunta se os suecos estão certos de que o motivo do lucro é perigoso em alguns mercados. Perigoso como o álcool. Essa, afinal, é a idéia por trás do Systembolaget.

Será que finanças e bebidas alcoólicas são iguais - úteis, mas potencialmente letais? Excelentes quando atendem a necessidades legítimas, mas explosivas quando o objetivo do lucro leva ao abuso? Mike Veseth acha que a crise financeira está levando os EUA (e o mundo) a adotar um Systembolaget para os bancos.

Tomara que a intervenção estatal fique restrita a bancos e afins. As bebidas alcoólicas já possuem leis e controles suficientes na maioria dos países. O próprio Systembolaget parece contraditório. O lucro dessa estatal em 2007 foi de 74 milhões de dólares. O lucro, então, não é uma motivação?

Além disso, o consumo de álcool foi maior na Suécia do que em qualquer outro país ocidental. Num estudo recente envolvendo 15 países da União Européia, o consumo de vinho na Suécia cresceu 9%.

O segundo lugar ficou com a Irlanda (que não tem qualquer tipo de monopólio controlador): mais 3,6%. Veja em: Monopolet

O vinho em caixas (bag-in-box) representa 55% do consumo total no país, o que para alguns é um fator de aumento do consumo de álcool às escondidas, em casa. E, portanto, incentivo ao alcoolismo. Além disso, apenas 50% de todo o álcool consumido na Suécia se origina do Systembolaget. O restante vem de outras fontes, inclusive de destilados (principalmente vodca) ilegalmente feitos em casa, o que certamente pode levar a problemas de saúde e mais uma vez ao alcoolismo.

Acho, sim, que é papel dos governos intervir quando setores da sociedade bagunçam o coreto. Mas levar o estatismo a todas as áreas, como a das bebidas, não funciona, como vimos. Vamos só lembrar de nossas experiências com as autarquias de peixe, açúcar, café etc. Não dá certo. A coisa acaba ficando como aquela fazenda do Orwell (na "Revolução dos Bichos"), onde "todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros".

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Brasileiro vende maior coleção de uísques do mundo

O principal colecionador de uísque escocês do mundo, o brasileiro Claive Vidiz, vendeu sua coleção para o braço escocês da Diageo, líder mundial no setor de bebidas.

A coleção, de 3.384 garrafas, foi formada pelo brasileiro ao longo de 35 anos. Vidiz viajou o mundo em busca das bebidas para criar sua coleção, considerada a maior do mundo.

Os detalhes da venda, inclusive o preço pago pela rara coleção, não foram divulgados. No entanto, especialistas na bebida afirmam que a compilação é "inestimável" e conta com os uísques mais populares até os mais raros.

A coleção será emprestada pela Diageo a uma empresa escocesa de turismo Scotch Whisky Experience, uma atração turística que faz programas especiais sobre a tradição do uísque escocês.

A empresa, que faz parte da tradicional Royal Mile – percurso de uma milha que reúne as principais atrações de Edinburgo -, está construindo uma adega especial para abrigar a coleção.

Raridades

Entre as principais raridades da coleção está uma das 69 garrafas de malte único Strathmill produzidas para celebrar os 100 anos da destilaria Speyside.

As garrafas da edição limitada do uísque, envelhecido 100 anos, foram oferecidas a poucas pessoas selecionadas a dedo, inclusive alguns chefes de Estado.

"É maravilhoso ver a coleção retornar à Escócia. É como a expressão que temos no Brasil – “o bom filho à casa torna” – e acho que a coleção está de volta à sua família agora", disse Vidiz.

Uma das garrafas preferidas do colecionador é um exemplar do Dimple Pinch, uma das primeiras edições especiais de uísque produzidas na Escócia.

A garrafa foi comprada por Vidiz em 1969 por US$1 mil. Na época, era a garrafa de edição especial de uísque escocês mais cara do mercado.

A coleção de Vidiz foi transportada de navio e seu envio levou meses de preparação, já que cada garrafa foi embalada individualmente por especialistas em obras de arte.

"Estamos felizes por ter trabalhado com Claive para trazer essa coleção maravilhosa de volta para a Escócia e por estarmos ajudando a preservar seu legado e importância histórica", disse Bryan Donaghey, diretor da Diageo Scotland.

O diretor da VisitScotland, a empresa oficial de turismo do país, Philip Riddle, afirmou que "o retorno de uma coleção tão importante e significativa para a Escócia é uma notícia fantástica".

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Cientistas querem criar nariz artificial

Cientistas americanos afirmaram que estão mais próximos de desenvolverem um sensor que imita o funcionamento do nariz humano.

Os pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) afirmam ter superado um dos maiores problemas, a produção em massa de proteínas chamadas "receptores olfativos". Em média, os humanos têm 100 milhões destas proteínas.

Muitos pesquisadores no mundo todo estão trabalhando no desenvolvimento de "narizes eletrônicos", que detectam as mesmas moléculas que formam os cheiros reconhecidos pelo olfato das pessoas.

Mas, enquanto muitas destas experiências são baseadas em sensores construídos com materiais artificiais, a pesquisa do MIT trabalha com um sensor baseado na biologia do nariz humano.

"A principal barreira para o estudo do olfato é que não tínhamos conseguido fabricar receptores em número suficiente e homogeneizar estes receptores", afirmou Brian Cook, do MIT.

Primitivo

O trabalho dos cientistas americanos também poderá levar ao melhor entendimento de como o olfato pode reconhecer uma série aparentemente infinita de odores.

"O olfato é talvez um dos mais antigos e primitivos dos sentidos, mas ninguém realmente entende como funciona. Ainda é um enigma", disse Shuguang Zhang, diretor associado do Centro para Engenharia Biomédica do MIT e um dos autores da pesquisa que foi publicada na publicação científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

O nariz humano tem cerca de 300 tipos diferentes de receptores olfativos na membrana que cerca as células que revestem as passagens nasais. Cada receptor se liga a um tipo diferentes de molécula.

As tentativas anteriores de fabricar receptores artificiais fracassaram, pois a estrutura é destruída quando estes receptores são retirados do ambiente específico.

A equipe do MIT, liderada por Liselotte Kaiser, conseguiu desenvolver uma solução que protege os receptores durante o processo de produção.

Os testes com estes receptores mostraram que as proteínas fabricadas e mantidas na solução ainda conseguiam se ligar a moléculas que precisavam detectar.

Ajuda no diagnóstico


Os pesquisadores afirmam que, se estes receptores forem usados em dispositivos, como um nariz artificial, eles poderiam ser usados para ajudar no diagnóstico precoce de doenças como diabetes, ou câncer na bexiga, de pulmão ou de pele, que secretam moléculas específicas.

O professor Krishna Persaud, que pesquisa um "biosensor" na Universidade de Manchester, Grã-Bretanha, elogiou a pesquisa do MIT, mas lembrou que ainda existem obstáculos antes da criação de um sensor baseado no nariz humano.

Para o cientista, as proteínas fabricadas precisam ser colocadas de uma forma que possam funcionar do mesmo jeito que funcionam na membrana da célula.

E, mais importante, o método de coletar a informação destas proteínas, transmissão e processamento desta informação, teria que ser desenvolvido.
(Fonte: BBC)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Pub proíbe entrada de égua que era cliente assídua

Deu no jornal

Um pub na região inglesa de Tyneside, no norte do país, proibiu a entrada de uma égua que era freqüentadora assídua do bar.

A égua Peggy, de 12 anos, costumava freqüentar o pub do hotel Alexandra, na cidade de Jarrow, com seu dono, Peter Dolan, e tomava uma cerveja acompanhada de um pacote de batatas fritas.

No entanto, desde que o local passou por uma reforma em que foram colocados novos carpetes, a dona do estabelecimento proibiu a entrada do animal no pub.

Atualmente, Peggy acompanha o seu dono até a porta do bar, mas permanece do lado de fora.

"Apesar de ela ser provavelmente mais limpa do que alguns dos meus clientes, tive que bater o pé e mostrar a saída para ela", disse a dona do bar, Jackie Gray.

Dolan, um aposentado de 62 anos, disse que os clientes sentem a falta do animal.

"As pessoas entram no pub e a primeira coisa que fazem é perguntar: 'Onde está a Peggy?'", afirma.

"Respondo que ela abandonou o hábito e decidiu parar de beber", brinca Dolan.