sexta-feira, 28 de março de 2008

Cana queimada

Uma interessante matéria sobre a queima que antecede a colheita da cana-de-açúcar. Clique:
http://www.udop.com.br/index.php?cod=87833&tipo=clipping

De olho na sonegação. E no controle social?

Fabricantes de bebidas alcoólicas e refrigerantes, automóveis, cimento, atacadistas de medicamentos e de carne e frigoríficos estarão obrigados, a partir de setembro deste ano, a emitir notas fiscais eletrônicas. Ja operam com este sistema os fabricantes de cigarros e distribuidores de combustíveis, entre outros. A obrigatoriedade da emissão de nota fiscal eletrônica não se aplica sobre os fabricantes de bebidas alcoólicas que tenham auferido receita inferior a R$ 360.000,00 no exercício anterior. De acordo com o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, o sistema de notas fiscais eletrônicas vai reduzir a sonegação e estará universalizada em janeiro de 2009. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União de ontem, 27 de março.
Espera-se que a Receita Federal, com esta medida, dê um passo mais firme também no sentido da transparência, divulgando os números do setor de bebidas alcoólicas. Os produtores de cachaça de alambique têm defendido com insistência a tese da Responsabilidade e do Controle Social sobre o consumo de álcool e, nesse sentido, reivindicam do os números do setor no que diz respeito à produção, consumo e arrecadação.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Vem aí a 2ª Feica Rio

A 2ª Feica Rio, Feira Internacional da Cachaça, que vai acontecer nos dias 12, 13 14 de junho de 2008, na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, quer repetir o sucesso da 1ª, ocorrida em janeiro de 2007. Além de aproximar e integrar compradores, produtores, exportadores, vendedores e consumidores, a Feica Rio tem o mérito de popularizar e valorizar a cachaça de alambique como produto de qualidade. Mais uma vez, será sucesso.
Brevemente daremos mais informações sobre este importante evento.

Uma história da vodca

"A cachaça é a bebida típica brasileira, bebida nacional, que se obtém da cana-de-açúcar. Esta aguardente provém de matéria prima local. Em outras palavras, a cachaça é nacional por sua matéria-prima, por seu sabor, por seu aroma, associado à natureza do Brasil e às frutas da terra de clima tropical.
A vodca se diferencia muito da cachaça. Ela nasceu nos sombrios rincões do Norte, com suas geadas, suas neves. Deve ser tomada pura, sem que lhe acrescentemos absolutamente nada. Já não é mais vodca se a tomarmos com gelo, limão, tônica, etc. Isso seria um coquetel: vodca com ingredientes que lhe dão diferentes sabores ou matizes atrativos para o paladar. A vodca deve ser tomada pura, sem ser diluída em algo em nenhuma circunstãncia, e exige o acompanhamento de comida abundante, picante, defumada, gordurosa. Não tem a menor pretensão de ser atraente, de agradar. Não tem gosto nem cheiro particular - é neutra, incolor. Sua classe está na sensação de pureza que lava de vez todos os sedimentos e em seu poder de penetração que atinge a garganta, a cabeça e vai direto ao coração. É uma bebida para pessoas de vontade forte. Os que dela abusam sem cuidado, ela transforma em escravos".
Estes são, literalmente, os dois primeiros parágrafos do prefácio de "Uma história da vodca", escrita por W.V. Pokhlióbkin, exclusivamente para a edição brasileira (Editora Ática S.A. - 1995).
W.V. Pokhlióbkin, membro do Instituto de História da Academnia de Ciências de Moscou, é autor de uma história do hábito de beber chá e de uma história política da Escandinávia. "Uma história da vodca", que ganhou na Itália o prêmio Ceretto de 1993 para melhor obra sobre vinhos e bebidas alcoólicas, traça um panorama sobre as origens das bebidas alcoólicas na Rússia, sobre a produção e o controle desta bebida típica, sobre a relação da vodca com o poder, entre outros assuntos e ainda nos premia com apêndices interessantes sobre a "importância gastronômica da vodca" ou, ainda, sobre "os efeitos do álcool no corpo humano".
O livro é tão bem feito, com rigor historiográfico e científico, que chega a provocar inveja em nós, produtores e consumidores de cachaça de alambique. Cadê a nossa Academia?

quarta-feira, 19 de março de 2008

Feira Brasil Cachaça

Pelo terceiro ano consecutivo, a Brasil Cachaça será realizada com a Expovinis Brasil - maior evento de vinhos da América Latina, e a Epicure - Feira Sul-Americana do Tabaco e Bebidas Finas. Em três dias, a Brasil Cachaça evidencia a qualidade e o potencial do setor, tratando a bebida oficial do Brasil como se deve e atraindo visitantes altamente qualificados.
A Brasil Cachaça aconte nos dias 28, 29 e 30 de abril, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

Vodca para mulheres

O lançamento, na Rússia, de uma vodca "especial para mulheres", está causando alvoroço entre os médicos de lá. É que os médicos russos temem uma onda de alcoolismo feminino no país, que já registra mais de 2,5 milhões de alcoólatras, segundo dados oficiais. Extra-oficialmente, o número de alcoólatras na Rússia atinge 10% da população, ou 14,5 milhões de pessoas. A preocupação dos médicos se justifica ainda mais quando se trata das mulheres. O médico Yuri Sorokin, psicólogo de um centro de reabilitação de drogas e álcool de Moscou, afirma que o alcoolismo feminino na Rússia é um problema enorme e escondido. Ele diz que 60% dos seus pacientes são mulheres, incluindo mulheres de milionários. Igos Volodin, criador da bebida (conhecida como ladies), diz que a vodca pode vir nos sabores lima, baunilha e amêndoas ou pura, para coquetéis. "e que as mulheres precisam de um drink só para elas". O que não diz é que a quantidade de álcool contido na "ladies" continua a mesma da vodca tradicional, com ou sem baunilha.

terça-feira, 18 de março de 2008

Vinho e vinagre de mel da cana-de-açúcar

"No Brasil há duas fábricas de hidromel: uma em Pernambuco e outra em Alagoas”, conta professor Evandir Oliveira, do Curso de Engenharia Química da Ufal. “Na Europa este produto é muito conhecido e muito difundido. Pegamos uma matéria-prima de pouco valor comercial e agregamos a ela valor de produto, uma bebida altamente apreciada”. Segundo o professor, uma análise feita pelo ITAL, Instituto Tecnológico de Alimentos, o mel da cana-de-açúcar tem uma composição nutricional maior que a do mel floral. “Há no hidromel muito mais riqueza em sais minerais, fósforo, magnésio e cálcio. Além disso, o hidromel possui teor de frutose duas vezes maior que de glicose, sendo a frutose um tipo de açúcar menos agressivo, que pode até ser utilizado por diabéticos leves”. A apícola Fernão Velho comercializa o hidromel, o vinagre de mel e outros produtos, desde 2005, obtendo ótimos resultados. “Por ser um produto difícil de ser encontrado, o preço é alto, na faixa dos vinagres balsâmicos, de melhor qualidade que temos hoje. Para se ter uma idéia, o vinagre de mel é vendido por R$15,00, quando o preço do vinagre de álcool não passa de R$3,00”, explica. O Departamento de Engenharia Química produz ainda vinho do pedúnculo de Caju e de Umbu, sempre com o propósito de agregar valor e disponibilizar ao mercado novos produtos, dando oportunidade aos pequenos agricultores de aumentar a renda com novas alternativas. O pedúnculo (fruto) do caju é subaproveitado, pesquisas comprovam que apenas dez por cento da produção é utilizada, embora a fruta seja altamente rica em vitamina C (262mg por 100gr de suco), com quatro vezes mais do que a laranja. A pesquisa Em 1997, um grupo de pesquisadores do curso de Engenharia Química da Universidade Federal de Alagoas, liderados pelo professor Evandir Oliveira, detectou um problema presente em várias plantações de cana-de-açúcar em Alagoas. As abelhas da região, ao invés de produzirem mel das flores, passaram a retirar mel da cana-de-açúcar. O resultado, segundo o professor Evandir, era um mel parecido com o mel de engenho, sem grande valor comercial. O professor Evandir explica que a partir desta constatação, o grupo teve a idéia de pesquisar uma maneira de agregar valor àquele mel. “Aproveitamos a consulta do Banco do Nordeste, que nos informou do problema dos apicultores da região, que não conseguiam vender o mel produzido pelas abelhas e iniciamos a pesquisa”, diz. A partir daí, financiados pelo BNB, professor e estudantes, em conjunto com uma empresa privada, instalaram um apiário na Universidade e passaram a produzir vinho e vinagre de mel da cana-de-açúcar. Por sua vez, a empresa passou a envazar os produtos e a promover experimentação e exposição do hidromel e do vinagre em feiras, hotéis e eventos diversos. “Com o sucesso do produto, a empresa parceira resolveu fazer outro projeto, desta vez para instalar um fábrica de hidromel e vinagre de mel em Fernão Velho”, conta Evandir. Cooperativa A Ufal é parceira da Coopmel, Cooperativa dos Produtores de Mel do Estado de Alagoas, e faz, desde 1997 pesquisas com abelhas e controle da qualidade do mel produzido pela cooperativa. “Nós analisamos o mel e emitimos um certificado de qualidade”, explica o professor. Desse trabalho resultam vários outros produtos, inclusive iniciativas de pesquisas para Trabalhos de Conclusão de Curso em Engenharia Química e Química. “Por conta do envolvimento dos alunos nós aproveitamos e promovemos um curso de apicultura para os alunos de Engenharia Química”, completa. A produção de hidromel e do vinagre de mel na universidade se dá por meio da fermentação industrial, com interface com o departamento de nutrição, a fim de fazer análises microbiológicas dos produtos. Segundo Evandir, primeiro desenvolveu-se o hidromel, vinho de mel. O processo se dá pela diluição do mel de forma adequada e adiciona-se levedura, agente da fermentação. A partir daí, é feito o controle do teor de álcool, tido como semelhante ao vinho de uva, em média de 12%. A partir do vinho, se faz o vinagre. (Fonte: Gazetaweb.globo.com)

sábado, 15 de março de 2008

Bebida e pressão sanguínea

Estudo recente da revista científica Annals of Internal Medicine publica artigo de especialistas norte-americanos que afirma que pessoas com pressão arterial alta podem ser beneficiadas se ingerirem bebidas alcoólicas em pequenas quantidades e de forma regular.
A pesquisa analisou 11.711 homens, profissionais do setor de saúde. Para estes casos, o consumo moderado de bebida alcoólica - um ou dois copos de cerveja, vinho ou uma ou duas doses de bebidas destiladas - reduziu o risco de ataque cardíaco, mesmo nos casos de pressão alta.
Os que bebem menos de uma dose a cada um ou dois dias não registraram queda no risco de ataque cardíaco maior do que os que não bebem.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Certificação de cachaça

A propósito da certificação (verLuis Nassif na nota abaixo), quando se trata da cachaça os produtores de cachaça alambique já têm certo que a certificação do produto, como vem sendo incentivada pelo Inmetro e pelo Sebrae, deixa a desejar. É que a certificação é escorada na Lei Geral das Bebidas Alcoólicas, que não distingue a cachaça de alambique da cachaça de coluna/industrial. E são dois produtos diferentes, com características físico-químicas e sensoriais diferentes, com médotos de produção diferentes. A certificação do produto, da forma como propõe o Inmetro, "nivela por baixo", segundo a maioria dos produtores de alambique. É necessário, portanto, que venha acompanhada da Indicação de Procedência (a certificação por região).

Os caminhos da certificação

Hoje em dia, há um grupo de 16 professores da ESALQ (Escola de Agricultura Luiz de Queiroz), em Piracicaba, estudando a questão da certificação. Em breve deverão lançar o primeiro volume dos estudos. Há duas tendências hoje em dia: certificar o produto, ou certificar o produtor. O trabalho defende a certificação de regiões, já que por produto seria financeiramente inviável.

Do mesmo modo, a certificação por fazenda seria complicado e daria armas para os adversários. No Brasil convive a moderna propriedade agrícola com a agricultura de subsistência. Se se quiser certificar toda a região, fazenda por fazenda, a agricultura de subsistência não passaria nos testes. Daí a importância de se encontrar um modelo que garanta a certificação, mas sem inviabilizar a sua aplicação. (publicado em Luis Nassif On Line - http://www.projetobr.com.br/blog/5.html )

Expocachaça 2008

A 11ª Expocachaça – feira de bebidas realizada anualmente em Belo Horizonte – corre risco de não ter a mesma performance das feiras anteriores. Rompimento das negociações entre os organizadores da feira e a AMPAQ – representante dos produtores em Minas – coloca em xeque o evento. A AMPAQ afirma que “no atual modelo, a feira tem se mostrado um evento meramente comercial, de interesse dos seus organizadores, vendido ao público com cobrança de bilheteria, subsidiado, deixando em último plano o que deveria ser seu objetivo maior: gerar condições adequadas de comercialização e divulgação da cachaça de alambique de Minas”.
A AMPAQ anuncia o início dos preparativos para a realização de uma feira de cachaça em Belo Horizonte nos moldes exigidos pelos produtores.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Cachaça não é água

A propósito dos debates sobre as bases de uma Política Pública para a Cachaça, a Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique – FENACA, apresenta algumas observações sobre o panorama tributário, concentração de produção e comercialização da cachaça.

Representante e porta-voz dos produtores de cachaça de alambique, afinada com o anseio de seus representados, uma das preocupações centrais da FENACA é manter e zelar pelo elevado padrão de qualidade da cachaça. Com sua versatilidade, a cachaça é companheira de muitos lugares, de boas conversas e comidas, fonte de inspiração, remédio para muitos males. Restaura forças, ameniza tristezas, enfim, é a bebida que reflete a alma do povo brasileiro. Está presente desde o período colonial e é elemento constitutivo de nossa nacionalidade.
A FENACA defende a cachaça de alambique fabricada com qualidade e consumida com moderação e reconhece que o consumo excessivo de álcool é uma questão cultural, médica, com graves efeitos sócio-econômicos, que atinge todos os povos.
Apesar dos efeitos negativos que pode provocar, a produção da cachaça apresenta fatores positivos inquestionáveis: gera milhares de empregos diretos e indiretos na entressafra dos grãos e em regiões pobres. Leva ao consumo cerca de 1,3 bilhão de litros ao ano e está presente em 1 milhão de pontos-de-venda no território nacional.
Coerentes com a postura ética assumida desde a fundação, a FENACA tem a Responsabilidade Social como um compromisso permanente e definitivo.

Concentração, tributação e controle social

Contrariando a tendência mundial de comercialização de bebidas alcoólicas, a atual legislação brasileira que trata do assunto estimula o alcoolismo, possibilitando a comercialização de um produto de alto teor alcoólico a preços excessivamente baixos. As chamadas “leis de mercado” não podem valer para todos os produtos, indiscriminadamente. A cachaça – como toda e qualquer bebida alcoólica – é um produto especial e exige tratamento diferenciado. No seu preço ao consumidor deve estar contido o seu custo social. O consumo do álcool deve ser tolerado, e não incentivado.
Praticamente três estados brasileiros comercializam mais da metade da produção brasileira. Esta concentração é injustificável. O conhecimento tecnológico hoje disponível permite a produção da cachaça em todo o território nacional. Como fator de justiça social e desenvolvimento do setor, a política a ser construída deve buscar o incentivo à regionalização da produção, trazendo a geração de emprego, renda e tributos desde a esfera municipal, agregando valores históricos, culturais e turísticos. Afinal de contas, consome-se cachaça em todo o país.
Já de muito tempo vem se cristalizando no Brasil, em relação à cachaça, uma política de tributação injusta, inadequada, discriminatória e nociva aos interesses da sociedade, do governo e, particularmente, dos pequenos produtores.
A tributação brasileira para a cachaça é nociva aos interesses da sociedade quando, ao invés de buscar a equidade na comercialização, permitindo a concorrência em igualdade de condições, com todos pagando impostos, não adota medidas eficazes de combate à produção clandestina/informal e deixa, na prática, a questão da segurança alimentar em segundo plano. Alimentos e bebidas sem o adequado controle de qualidade são uma ameaça à saúde pública.
A tributação é discriminatória quando, desrespeitando a Constituição Brasileira, impede ao pequeno produtor de cachaça ao acesso ao sistema SIMPLES de tributação. Não reconhece nem estimula a agregação de valor, que confere diferencial aos produtos e gera emprego e renda.
A tributação é injusta e inadequada quando taxa de forma diferenciada produtos afins. Quando toda a lógica deveria impor ao governo tributar a cachaça pelo volume produzido, em igualdade de condições para todos os que produzem, grandes e pequenos, o governo aplica aos grandes produtores a tributação do IPI de até R$ 0,30 o litro e, aos pequenos produtores de alambique, a tributação de até R$ 2,26 o litro. Verifica-se em gôndolas de supermercados cachaças industrializadas sendo comercializadas por R$ 1,20, valor inferior ao do imposto pago pelo pequeno produtor. Gostaríamos de entender a “lógica” que leva o governo a abrir mão de praticamente R$ 2,00 por litro em mais da metade da produção nacional, deixando de arrecadar mais de 1 bilhão e meio de reais ao ano em impostos, recursos estes passíveis de serem utilizados em programas sociais deste mesmo governo. Estes tributos que o governo deixa de arrecadar dariam para manter cerca de 1 milhão e quatrocentas mil famílias, mensalmente, no Bolsa-família.
A cachaça, como toda e qualquer bebida alcoólica, necessita de controle social. A sociedade tem o direito de saber onde, como e quando se produz; onde, como, quando e por quem é comercializada; onde como e por quem é consumida. Estes números são, principalmente, de responsabilidade do governo e são o indispensável alicerce de uma política pública construída em bases científicas, uma política justa para os que atuam no setor.

Carlos "Brasileiro" Cachaça"

O poeta, letrista e ensaísta Glauco Mattoso(http://sites.uol.com.br/glaucomattoso), lembrando que muitas perguntas imbecís podem dar ensejo a frases célebres, nos brinda, na edição 132 da revista "Caros Amigos", com uma pérola de nosso Carlos Cachaça, grande sambista e compositor, sócio-fundador da Academia da Cachaça. Diante da pergunta: "Por que Carlos Cachaça?", o compositor responde, inspirado: "É porque sou brasileiro. Se eu fosse americano, seria Charles Whisky".

sexta-feira, 7 de março de 2008

Bebida na estrada

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou hoje que o governo fará ajustes na medida provisória que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nas estradas federais. O ministro afirmou que a medida não será descaracterizada em sua essência, que é impedir que os motoristas dirijam embriagados, mas que irá buscar uma forma dos pequenos (e grandes) comerciantes não serem prejudicados. Recentemente o deputado federal Paulo Piau (PP/MG) apresentou uma emenda à medida, propondo que a proíbição se restrinja à venda em doses. Os comerciantes estavem conseguindo manter a venda de bebidas alcoólicas nas estradas graças a liminares interpostas por diversas associações de classe.

Cachaça que cura

Um tipo de levedura usado na produção de cachaça também pode servir para combater a ação da salmonela, bactéria que ataca o sistema digestivo, provocando vômito, diarréia, náuseas, febre e anorexia intensa. A descoberta é de um grupo de pesquisadores da UFMG, e a levedura, a Saccharomyces cerevisiae linhagem UFMG 905, foi identificada pelo professor Carlos Rosa, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), considerado uma das maiores autoridades na área em todo o mundo. A espécie foi uma das doze estudadas pelo biólogo Flaviano dos Santos Martins para desenvolver sua tese de doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG. Ele descobriu que o mesmo fungo usado na fermentação da aguardente age como probiótico. Segundo o pesquisador, até hoje só existia uma levedura utilizada como probiótico em seres humanos, a Saccharomyces boulardii, descoberta na França na década de 1920, indicada para prevenir e tratar vários tipos de diarréia.Com a colaboração da Universidade de Nice, na França, Martins conseguiu compreender de que maneira a levedura, já utilizada como probiótico, age no combate à salmonela em um estudo inédito. “Entender os mecanismos de ação dos probióticos é importante para que seja possível otimizar seus efeitos benéficos”, afirma o orientador da pesquisa, professor Jacques Robert Nicoli, do departamento de Microbiologia do ICB.Segundo Nicoli, muitas vantagens da ingestão de probióticos para a saúde humana são conhecidas, como a proteção contra bactérias nocivas e o fortalecimento do sistema imunológico, mas não há trabalhos científicos que comprovem essas propriedades.A etapa do trabalho realizada na França vai ajudar a entender como age a levedura identificada na UFMG, já que ambas são da mesma família. “As duas espécies têm diferenças bioquímicas e fisiológicas, mas são geneticamente muito parecidas”, afirma Flaviano Martins.Os primeiros testes com a Saccharomyces cerevisiae linhagem UFMG 905 no ICB foram realizados em camundongos, que tiveram a salmonelose induzida. Martins percebeu que, em vez de ligar-se às células intestinais, a salmonela prendeu-se às leveduras inseridas no sistema digestivo dos animais.Ele também observou que as leveduras secretam substâncias, ainda desconhecidas, que reduzem a inflamação provocada pela salmonela. “O próximo passo é identificar tais substâncias e entender por que a levedura tem essa afinidade com a bactéria que ataca o intestino”, explica o biólogo.Já se sabe que a levedura probiótica identificada no ICB não é patogênica. Ainda são necessários estudos complementares sobre os mecanismos de ação da levedura e, a longo prazo, a realização de ensaios clínicos, que são os testes com humanos. (Fonte: União dos Produtores de Bioenergia - UDOP - www.udop.com.br)

segunda-feira, 3 de março de 2008

Cachaça e hospitalidade

"Dos efeitos estimulantes ou relaxantes provocados pelo consumo das mais diversas formas e expressões de bebidas até a perda dos sentidos coletivos como fenômeno social, a bebida sempre foi ao longo da história humana elo promotor do ato de sociabilidade entre os homens e membros de diferentes culturas e procedências. A hospitalidade surge exatamente desses laços sociais. As bebidas alcoólicas estão no âmago central de todas as celebrações e ritos sociais desde os primórdios da civilização. O apreço pelos efeitos relaxantes ou estimulantes que elas causam no ser humano fez com que este elemento estivesse presente em rituais das mais distintas naturezas".
Este é um dos trechos de um importante estudo sobre a relação cachaça/hospitalidade, de autoria do Professor Ricardo Anson Mazaro, da Universidade Anhembi Morumbi. Entre os vários autores citados pelo professor está Câmara Cascudo, o mais importante estudioso de nossos costumes:
“É a mais comunitária das bebidas. É a bebida do povo, áspera, rebelada, insubmissa aos
ditames do amável paladar, bebida de 1817, da Independência, a Patriota, cachaça dos negros do Zumbi no quilombo dos Palmares, do desembargador Nunes Machado e de Pedro Ivo, dos Cabanos, cachaça com pólvora dos cartuchos rasgados no dente, na Cisplatina e no Paraguai, tropelias dos Quebra-quilos, do conspirador abolicionista, gritador republicano, bebida-nacional, a Brasileira".
Para acessar o estudo: http://reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/bitstream/1904/19642/1/Ricardo+Anson+Mazaro.pdf